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𓂅 𝒘𝒊𝒕𝒉⠀* Camilo : O Playboy ! - Blog Posts

3 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : encontros !

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Encontros !

desde a mais tenra infância , neslihan fora moldada sob a rigidez do dever , envolta em ouro , mas contida por correntes invisíveis . sua existência sempre se definira por uma dolorosa dualidade , a necessidade de sentir em contraste com a imposição do autocontrole , o embate incessante entre o querer e o dever . esse conflito , enraizado em sua mente , tornara-se a fratura primordial que assombrava a parte mais sombria de seu passado . culpava , sim , a figura paterna por parte das feridas que lhe foram infligidas , algumas delas irreparáveis . no entanto , via na fragmentação de seu próprio ser uma obra cuja autoria também lhe pertencia . daquela tragédia , restara-lhe um âmago parcialmente enrijecido — sua visão de mundo tornara-se austera , seu julgamento sobre as pessoas , inflexível , e sua postura perante a própria existência , uma fortaleza intransponível . e camilo era o oposto exato de cada uma dessas certezas . para ele , tudo parecia fluido demais , como se suas convicções mudassem com a mesma facilidade com que trocava de roupas ao amanhecer , como se suas verdades fossem tão voláteis quanto os humores de um único dia .

ela não se iludia ao pensar que compreendia todas as nuances que o compunham, mas o conhecia o suficiente — anos de observação cuidadosa e encontros forçados ao lado de vincenzo ricci e aquele sobrinho haviam lhe dado a convicção de que alguém criado sob a tutela do patriarca dos ricci não poderia desviar-se tanto assim do molde original . não importava que ela própria fora forjada sob a sombra de um homem igualmente desprezível e , ainda assim , renunciara a cada valor que lhe fora incutido . não via nele a mesma ânsia de se libertar , a mesma necessidade de transcender a redoma em que cresceram . curioso como ela era capaz de vislumbrar potencial até nas circunstâncias mais desoladoras , mas quando se tratava das pessoas ao seu redor , seu olhar se tornava opaco . talvez fosse uma falha evidente para qualquer observador externo , mas naquele momento de sua vida , preferia envolver-se no véu confortável da negação . havia algo de insistente nessa postura , um reflexo interno que , por vezes , ameaçava ceder — mas então camilo lhe recordava exatamente por que isso jamais aconteceria .

bastava um gesto , um olhar carregado daquela insolência que a irritava profundamente , um simples pronunciar do apelido em seus lábios para inflamá-la de fúria… ou , se fosse brutalmente honesta , algo mais . ❝ vou providenciar . amanhã de manhã a lista completa estará na sua caixa de entrada . ❞ e assim o faria , nem que precisasse atravessar a madrugada compilando meticulosamente cada detalhe sobre o valor de cada gole do bourgogne . ❝ entendo . nem todos os homens conseguem portar-se com a sensualidade inerente de um jardineiro . ❞ a voz adquiria um timbre aveludado . ❝ todos aqueles músculos à mostra , o suor misturando-se ao aroma da terra molhada… uma essência irresistível . ❞ pareava a provocação dele , acrescentando um piscar de olho deliberado .

a observação alheia foi recebida com um sutil estreitar das íris castanhas , enquanto a sobrancelha dele se arqueava . ela seria a última a negar o que ele insinuava , por ser a mais pura verdade . o medo corria demasiado forte em suas veias para que pudesse ceder o controle e , mais uma vez , encontrar-se à deriva — presa em uma circunstância desconhecida , sozinha , dissociada de tudo que a compunha , sem sequer lembrar o que fizera para ferir quem quer que fosse . manter o domínio sobre qualquer situação que a envolvesse era a única forma de garantir que , se houvesse dor , ela fosse restrita a si mesma . ❝ não há nada demais em querer manter o controle . pelo contrário , é uma forma de satisfação como nenhuma outra . ❞ camilo não era o primeiro , e certamente não seria o último , a insinuar que sua existência dentro de uma bolha de restrições autoimpostas a condenava à infelicidade . mas vindo dele — com aquela despreocupação boêmia , aquela facilidade irritantemente leviana — , a fala ressoava como brasa queimando em seus pulmões . ❝ apreciar os prazeres da vida é uma coisa . ser completamente inconsequente ao fazê-lo é outra . saber dosar quando , como e onde os aproveito apenas prolonga a sensação de contentamento . não abro mão do que me satisfaz , apenas não me entrego aos impulsos como se o mundo fosse se desfazer em um piscar de olhos se não o fizer . ❞

levantou a taça quase vazia , deixando que o vinho deslizasse pelo paladar , apreciando a textura aveludada que o carmesim lhe proporcionava . ignorou o impulso de revirar os olhos , assim como a tentação de comentar sobre o sorriso alheio — embora , caso se permitisse um instante de análise , talvez concordasse . as palavras dele , ainda que envoltas naquele flair característico , traziam o peso de algo que lhe apertou a respiração por um breve instante , dissipando-se logo em seguida com um menear dos fios e a litania posterior . um riso seco escapou dos lábios ainda tingidos de rubro . ❝ tenho dificuldade em acreditar porque não sei se suas ações são genuínas , camilo . ❞ não se tratava de charme , como ele sugeria . a verdade era mais crua , neslihan simplesmente não sabia como reagir a ele de outra maneira que não fosse com ferocidade . não sabia se os gestos dele eram sinceros ou se carregavam as segundas intenções que pareciam reger cada um dos seus encontros , fosse naquele momento ou em qualquer outro .

com apenas duas palavras , o ricci dissipava o pulso inquieto que as provocações dele instigavam . havia algo na sinceridade que interrompia qualquer pensamento alheio naquele instante , deixando apenas um eco silencioso que se espalhava até as pontas dos dedos — uma sensação estrangeira . com um aceno hesitante , aceitou o pesar que ele oferecia . talvez aquele fosse um dos raros momentos em que poderiam ser genuínos um com o outro , sem a necessidade de pretextos . ela sequer era nascida quando a mãe de camilo fora internada e jovem demais para recordar-se do momento em que a doença lhe roubara a vida , mas a história era de conhecimento geral , e a morena sentia a perda dele como apenas quem já houvesse experimentado dor semelhante poderia compreender . imaginava que , para uma criança , a ausência materna fosse ainda mais avassaladora do que para um adulto — como fora em seu caso . mas mesmo tendo quase duas décadas a mais ao lado da própria mãe , por vezes parecia que münevver muito antes deixara de pertencer ao mundo dos vivos . a fisgada que a lembrança causava era lancinante , embora logo se dissolvesse diante da confusão provocada pelo gesto dele ao erguer a mão em sua direção .

o riso masculino percorrendo a extensão da pele exposta era o motivo por finalmente conceder , embora as palavras ditas em divertimento recobrassem a consciência de algo que não saberia nominar . com a palma aninhada no aperto alheio , neslihan inclinou-se , os dígitos formigando antes mesmo de entrarem em contato com os fios acetinados . seguiu o movimento conforme ele guiava , podia sentir o calor que ele irradiava subir pelos braços , até que o toque feminino encontrou o pequeno relevo , uma resistência sob a superfície . assentiu ao questionamento antes de pender a cabeça , enredando os dedos pela pele alheia enquanto ele explicava . a menção de um acidente — automobilístico , como aquele que ela mesma protagonizara — provocou um breve sobressalto com semelhança inesperada .

assim que sentiu o fragmento incrustado , poderia ter retirado a mão , encerrando ali a conexão , mas não o fez . não até que ele finalizasse , até que aumentasse a distância entre eles e desfizesse a leve pressão que os mantinha ligados . só então neslihan recolheu o braço , cerrando o punho de maneira quase imperceptível antes de repousá-lo no colo , onde o linho do guardanapo descansava sobre as pernas . desanuviando a garganta , que de súbito pareceu ressequida , indagou . ❝ e não te incomoda em nada ? não é perigoso que permaneça por todo esse tempo ? ❞ as perguntas saíam com mais curiosidade do que desejava , com uma preocupação que transparecia em excesso clareando a voz . embora ela própria não apresentasse sequelas físicas do acidente de tantos anos , as invisíveis a atormentavam mais do que qualquer cicatriz que pudesse ser vista .

esboçou um sorriso diante da colocação dele , embora os ombros permanecessem retesados sob o formigamento que ainda reverberava da palma para o restante do corpo . enquanto ele ponderava sobre o que compartilhar , por um longo momento , manteve as íris fixas na expressão distante que se instalava nas feições do mais velho . percebia , então , que já fazia algum tempo que seus olhos não sentiam a necessidade de se desviar da intensidade que camilo personificava . a constatação a fez quebrar o contato visual de imediato . refugiou-se no cristal vazio sobre a mesa , nos talheres de prata quase intocados , na comida negligenciada , no tecido carmesim que deslizava sobre suas pernas conforme as descruzava e cruzava no lado oposto . na tentativa de não ser consumida — seja lá pelo que estivesse tentando enraizar-se dentro dela naquele momento — precisou piscar algumas vezes quando a voz grave rompeu o silêncio , trazendo-a de volta à realidade antes que se perdesse nos próprios devaneios .

com a simples menção da fazenda , soube que a história recontada puxaria as cordas de seu coração . era inevitável . sabia bem o que ele fazia por aquele lugar e , se camilo tivesse consciência , entenderia que essa era a única fraqueza que poderia usar contra ela . o repuxar dos lábios se expandiu de forma quase natural , mas logo tomou um arco agridoce . amor . antes que ele enunciasse a palavra , ela já a havia formado em sua mente . a história que ele tecia era uma representação genuína do que o amor poderia ser , e pela primeira vez , talvez neslihan compreendesse um módico do que aquele sentimento mítico significava . com os olhos mais úmidos do que o tempo permitia , engoliu em seco antes de menear os fios levemente . ❝ que bom que ela escolheu a pessoa certa para cruzar o caminho . ❞ a sinceridade na entonação era mais palpável do que gostaria , mas já não se esforçava tanto para controlar cada flexão de sua voz , calcular cada gesto . ❝ e… ela está bem hoje ? foi adotada ou continua por lá ? ❞ não ousaria pedir que ele a mostrasse , fosse o caso , mas tinha a amizade de esperanza há tempo suficiente para saber que a mulher a guiaria mesmo sem um nome .

e então, mais uma vez , ele insistia em se esconder sob aquela fachada . já não restavam dúvidas de que era um disfarce — não para ela . ali , a forma como o ricci a vestia como uma segunda pele era escancarada , mais espessa do que a verdadeira , uma armadura que rivalizava com a que ela própria carregava , feita de controle e distância . ❝ não , ainda não tive o imenso privilégio de presenciar cena tão deplorável quanto ver mulheres se atirando em sua direção por conta de um sorriso bonito e um animal adorável nos seus braços . ❞ mesmo com a sobrancelha arqueada em ironia , as palavras não carregavam a mesma mordida usual .

com uma mordiscada na mozzarella , permitiu que o sabor suave , amanteigado e fresco se espalhasse pelo palato . tomando o cristal entre os dedos , levou-o aos lábios , sorvendo o líquido por completo antes de ceder-se a mais uma dosagem do grand cru . permaneceu em silêncio por alguns instantes , recuperando a memória exata do momento em que uma decisão infantil selara algo que a acompanharia até a morte . ❝ bem , tinha exatos seis anos . era o dia do meu aniversário e , como sempre , um banquete era esperado . não importava que , entre os convidados , houvesse mais parceiros de negócios do meu pai do que amigos meus — liv estava lá , e era a única . ❞ concedeu brevemente , antes que a lembrança a puxasse de volta . ❝ estávamos brincando , a contragosto de muitos , porque onde já se viu uma criança querer brincar na própria festa ? e , sem querer , acabei entrando na cozinha . era um território proibido nos dias de comemoração . ❞

hesitou por um instante antes de continuar . ❝ e diante dos meus olhos , estava o cozinheiro abatendo alguns coelhos , enquanto partes de cordeiros , em diferentes estados , espalhavam-se pelas panelas e ilhas . lembro de sentir um pedaço de mim se esvaindo junto deles , e ali prometi que jamais compactuaria com aquilo . ❞ a voz , ainda que suave , conotava a mesma firmeza de quando tinha a pouca idade . ❝ palavras fortes para uma criança que dependia dos outros para se alimentar . no início foi... complicado , mas uma vez que meu pai percebeu que aquela era uma batalha perdida , tive gioconda ao meu lado . ❞ omitia a parte em que o homem a deixara dias sem comer como punição , ou quantas vezes precisou desmaiar de fome diante dos conhecidos dele até que sua vitória fosse concedida . aqueles detalhes camilo não precisava saber . tampouco que , ironicamente , a recordação estava entre as mais felizes que guardava sob o teto dos şahverdi — puramente ligada à presença da cozinheira que lhe ensinara tudo o que ainda recordava no presente .

tomando mais um gole do vinho , levou a manicure até o queixo , como se pensasse profundamente a questão seguinte . ❝ se você pudesse mudar apenas uma coisa na sua vida , o que seria ? ❞ já que a proposta inicial dele , ainda que dúbia , era se conhecerem , neslihan não se manteria na superfície rasa onde ele parecia querer conduzi-la . ainda que , até ali , nenhuma resposta dela — ou dele — tivesse sido menos do que carregada .

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Encontros !

o problema de pessoas como neslihan era que através de suas lentes duramente arbitrárias, por vezes colocavam-se em um lugar de condescendência que as cegavam para qualquer não obviedade. camilo podia não ser o maior filantropo (ou sequer ser considerado um de qualquer modo), mas antes de qualquer coisa, o ricci não saía de seu caminho para prejudicar ninguém. não era um homem bom, mas será que era justo considerá-lo um homem mau? egocêntrico, sim. superficial, com toda certeza. mas no final das contas, não havia verdadeira maldade nele. o trabalho com os animais poderia ser um bom indicador de que ele não era fisicamente incapaz de fazer o bem, e por mais que muitos pensassem que aquilo não passava de uma fachada, neslihan o observara na fazenda vezes o suficiente para reconhecer a autenticidade de suas intenções. assim ele presumia, pelo menos. ‘se mudar a vida de uma única pessoa, já terá feito mais do que espero de você.’ o sorriso quase vacilou, a postura alheia e os dizeres descrentes o atingiram um pouco mais do que estava disposto a demonstrar. camilo podia se considerar o centro do próprio mundo e priorizar a si mesmo com frequência, mas estava absolutamente distante do exemplo de amor próprio. alguém tão indulgente em pecados do mundo, tão irresponsável e auto destrutivo não poderia ter qualquer carinho sincero por si mesmo. o olhar da turca o recordou, por alguns segundos, que aquela era simplesmente a sua sina: sempre esperariam o pior dele. sua família, seus colegas, desconhecidos, todos. palavras que ouvira por anos de seu pai reverberaram no fundo da mente, mas balançou a cabeça em uma tentativa de afastá-las. não era momento de auto piedade. chegou a pensar em valentina, em como se dedicara nos últimos dez anos para garantir que a garota tivesse as melhores oportunidades. poderia ele considerar que havia ajudado a melhorar uma vida, quando também fora responsável por destruí-la antes? “por que não faz uma lista, hani? assim não deixamos nada disso escapar.” afirmou, beirando a provocação, embora ainda fosse sincero. “eu só prefiro ter alguém para plantar as árvores. não fico bem de jardineiro”

a resposta a respeito de suas vontades fora intrigante. “são palavras demais pra dizer que você tem medo de perder o controle” devolveu, arqueando uma sobrancelha. se camilo era excessivamente indulgente, neslihan parecia o oposto. como se transformar a vida em uma sucessão de represálias fosse nobre. “existe muito valor na liberdade de admitir que a vida vale a pena pelos prazeres que proporciona. em reconhecer que você não é melhor que ninguém por abrir mão disso, só… menos feliz” deu de ombros, finalizando o conteúdo da taça. não evitou uma risada sincera com o comentário seguinte, assentindo em concordância. “o que posso dizer? meu sorriso é muito bonito” dessa vez havia leveza no tom, demonstrando que pelo menos naquele ponto ela havia vencido o embate de provocações certeiras e ininterruptas. “nah. prefiro algo mais…” gesticulou para ambos, indicando que falava sobre o encontro. “…estimulante.” a conversa entre eles era sempre interessante, afinal. “duvido que você acredite em qualquer gentileza da minha parte, neslihan” e somente poderia torcer para sua inclinação dramática lhe conferir a mesma qualidade de um ator ao tentar disfarçar o resquício de ressentimento em sua frase. “até porque, convenhamos, é o que estou fazendo a noite toda e você continua convencida do contrário” o carro, os elogios, o menu, a água, a mesa na parte externa… não havia sido menos do que gentil até então. vulgar, quem sabe, mas certamente longe da grosseria. “mas tudo bem. faz parte do seu charme” complementou, piscando um dos olhos.

esperou uma resposta evasiva, ou uma história de pouca importância. o ocorrido descrito pela gökçe apenas provava que muito embora ele soubesse interpretar pequenos sinais muito bem, estava longe de considerar que a conhecia o suficiente. pego de surpresa diante da franqueza, ouviu com atenção. a informação da morte de sua mãe não era inédita (todos sabiam naquela cidadezinha), mas não pôde evitar se abalar com o assunto. era seu calcanhar de aquiles, mesmo. “sinto muito” e de tudo o que havia falado a noite inteira, aquelas duas palavras provavelmente carregavam a maior carga de honestidade até então. nem havia notado que mal se dedicara à comida exposta a sua frente, dada tamanha atenção que a mulher detinha. ainda que o assunto da morte da figura materna fosse o que mais lhe havia chamado atenção, não deixou de perceber a coincidência escondida na menção de um acidente. assim que a pergunta foi devolvida, ele soube exatamente o que contar. estendeu a própria mão, pedindo a dela. riu quando notou a confusão e receio nos olhos alheios. “não vou morder. nem te pedir em casamento. prometo” e esperou que a jovem colocasse a mão sobre a dele. assim que o fizera, camilo a levou até a parte de trás da própria cabeça, pouco acima da nuca, entre os fios escuros. tateou o local com a mão feminina, até o indicador da mais nova encostar em uma pequena protuberância que facilmente passaria despercebida. “sentiu?” aguardou alguma confirmação. “é um fragmento bem pequeno de vidro, de um acidente de carro há uns bons anos. era mais perigoso uma cirurgia para retirar do que não fazer nada. então decidiram deixá-lo” era um lembrete dolorido do passado; do enorme erro cometido. não comentou sobre como o acidente havia ocorrido e nem o fato de não estar sozinho na ocasião. aquilo, por hora, ainda preferia manter em segredo. “para ser justo, a equipe médica que me atendeu também sabe disso. mas eu nunca contei, eles só estavam lá” brincou, soltando sua mão e finalmente provando a comida disposta à sua frente.

“uma ótima pergunta” reconheceu, reclinando-se para pensar melhor. já havia vivido tanto, feito tanta coisa… o que, de fato, o havia surpreendido? não sabia quanto tempo havia ficado em silêncio, perdido em pensamentos, mas quando se deu conta a resposta desencadeou a deixar os lábios sem qualquer auto controle. “sabe que a fazenda começou por uma ideia do meu pai? por um motivo... menos do que nobre. quer dizer, eu sempre gostei de animais, mas demorou um pouco até eu me envolver de verdade. no começo era só uma tarefa que eu tinha que executar." explicou de início, a fim de contextualizar a história que estava por vir. "então teve um dia que eu estava caminhando bem no meio das árvores, ali no final da propriedade, perto do lago. uma cachorrinha apareceu. veio até mim, direto, sem medo. estava tão magra que dava pra ver cada osso, tão suja que eu tive dificuldade de saber qual cor era o pelo. tinha um machucado na perna que não parecia recente, mas estava longe de cicatrizar. eu pensei em levá-la comigo, dar comida, cuidar, como fazíamos com todos os animais ali. mas quando tentava pegar no colo, ela não deixava. e não era que ela não me deixava encostar nela! só não me deixava tirar ela do lugar, mesmo. se eu tentava, ela colocava todo o peso pra baixo. nem sei de onde ela tirava força pra isso. então eu entendi que ela não queria me acompanhar, queria que eu a acompanhasse. quando eu finalmente deixei ela me guiar, correu até um buraco cavado atrás de um tronco de árvore caída, uns metros adiante. no buraco tinha um filhotinho pequeno e quase tão magro quanto ela. quando eu peguei ele no colo, ela desmaiou, como se finalmente a força dela tivesse acabado." lembrava-se de achar que o animal havia falecido, na ocasião.

"levei os dois correndo até o veterinário da fazenda e ele disse que, pela situação que a cadelinha estava, toda a força e energia que ela teve pra salvar o filhote foi praticamente um milagre.” pausou, como se pudesse ver na sua frente a imagem da cachorrinha sarnenta e magricela. ergueu a mão como que em rendição. “culpe a maldição, se quiser, mas foi a primeira vez que eu…" pensou em como explicar, a testa franzindo enquanto ele achava as palavras. "bom, foi a primeira vez que eu realmente vi amor” ele podia nunca ter sentido nada parecido, mas era inegável o que havia presenciado. “ foi depois desse dia que eu passei a levar a fazenda a sério” acrescentou, um último comentário antes de perceber o peso da história que lhe escapara. “além disso, já viu como as mulheres me olham quando eu estou com um filhotinho na mão? é um afrodisíaco natural” certo, aquilo deveria equilibrar um pouco a situação, possivelmente. serviu a ambos um pouco mais do vinho. “mas então, há quanto tempo é vegetariana?” parecia uma pergunta segura e suficientemente impessoal, para variar.

O Problema De Pessoas Como Neslihan Era Que Através De Suas Lentes Duramente Arbitrárias, Por Vezes

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3 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : encontros !

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Encontros !

por mais que pudesse parecer injusto — e não acreditava que fosse — , ela sempre colocara camilo na mesma redoma habitada por vincenzo ricci , kadir şahverdi e lorenzo d’amato rizzo , assim como fazia com christopher . homens de poder , cuja riqueza era proporcional à disposição e à tendência para o mal , irresponsáveis com as vidas daqueles que orbitavam sua influência . não era uma convicção da qual estivesse ansiosa por se desfazer — ou pior , admitir que estivesse equivocada . não apenas por orgulho , talvez seu maior pecado , mas por princípios . aceitar que poderia estar errada significaria encarar um abismo dentro de si . ainda assim , as palavras dele a atingiram como um golpe no plexo solar , sugando-lhe o fôlego por tempo suficiente para que faíscas brancas se entrelaçassem às feições contrastantes do ricci . o riso dele apenas intensificava a sensação de fraqueza que se alastrava por seus nervos . como ele poderia proferir algo tão essencialmente oposto a tudo o que nela fora instilado desde o nascimento e seguir como se não houvesse invocado décadas de ressentimentos em seu âmago ?

a capacidade que ele possuía de simplesmente persistir , independentemente da curva dos projéteis que a vida lhe lançava , era excepcional . uma habilidade que , secretamente , neslihan invejava . em sua existência , tudo sempre parecia maior , desproporcional , carregando as distorções de uma psique ainda marcada pelas fissuras do abuso . cada frase dele até aquele momento soava meticulosamente arquitetada por uma parte dela à qual apenas ele tivera acesso — a versão de si que mais desprezava , aquela que ainda se deleitava com afirmações positivas dirigidas a ela , um resquício da infância e adolescência , um fragmento do passado , a única faceta que ousava acreditar que finais felizes eram possíveis , mesmo que exigissem enfrentar todas as adversidades do universo . a gökçe arrancaria o próprio coração antes de permitir que os devaneios da sua antiga persona emergissem . subestimá-lo fora um erro , tanto quanto pensar que poderia manter a personagem que moldaram para ser parte da família ricci — ainda que não nos braços daquele ricci à sua frente . pela primeira vez em muito tempo , viu-se encurralada dentro da própria mente , sem direção definida . camilo era o único capaz de desestabilizá-la daquela maneira , e por vezes ele parecia consciente do fato , regozijando-se com um prazer quase insolente .

seus olhos , antes errantes , evitando-o a todo custo , agora pareciam magnetizados , presos ao polo sobre o qual ele detinha total controle . engoliu em seco , deixando que o questionamento passasse por seu ombro como se não tivesse o poder de fazê-la reconsiderar quinze anos de convicções . já a segunda provocação fez com que uma de suas sobrancelhas se arqueasse em curiosidade contida . ❝ poderia fornecer cerca de quarenta mil refeições solidárias , ao menos quinhentas consultas médicas com os devidos medicamentos , plantar uma média de oito mil árvores e salvar centenas de animais . mas essa em específico , ao menos , você já sabe . ❞ a estimativa vinha do que ela mesma realizara além , administrando parte da fortuna deixada em nome de sua mãe , e intrigava-se com a resposta que ele daria . ❝ mas se mudar a vida de uma única pessoa já terá feito mais do que eu espero de você . ❞ não duvidava da capacidade financeira de camilo , mas questionava sua disposição moral para tal feito . talvez soubesse que duvidar dele fosse o caminho mais certeiro para provocá-lo a provar o contrário , mas guardava a percepção para si , um sorriso discreto curvando os lábios .

❝ jamais me satisfiz com pouco , camilo . apenas escolho quando me deleitar com o que realmente desejo . se me entregasse ao que verdadeiramente me sustenta todos os dias , tudo se tornaria fácil demais… e eu gosto de desafios . ❞ as íris acompanhavam os movimentos alheios , observando-o sorver o líquido carmesim , e , no fundo do próprio paladar , quase podia sentir o aroma intenso do vinho . seu sorriso espelhou o dele , os olhos brilhando com um humor depreciativo diante do tom masculino . ❝ agora , elas , sim, se contentam com tão pouco . são todas tão facilmente impressionadas que um sorriso e palavras vazias bastam para conquistá-las ? ❞ neslihan compreendia perfeitamente a insinuação do ricci , mas não daria a ele o gosto de reconhecê-la , seria um caminho sem volta em mais de um sentido . já preparada anteriormente para o efeito que a comparação entre subserviência e polidez — que ele supostamente não compartilhava — , tomou apenas meia respiração , solevando uma das sobrancelhas . ❝ hm . achei que você preferisse suas companhias maleáveis exatamente para fazer o que quiser com elas . devo ter perdido esse memorando em específico . ❞ àquela altura , qualquer pretensão de submissão havia evaporado no ar carregado entre eles . ❝ o que você realmente quer ? ❞ um pequeno riso escapou . ❝ por que não dizer com todas as palavras ? quem sabe , sendo você o gentil , não consiga o que deseja de maneira mais fácil ? afinal , falam que se pega mais abelhas com mel do que com vinagre . ❞ o ditado não era um o qual acreditava , mas talvez fosse o motivo da distância ácida que insistia em colocar entre eles . não desejava estar presa à doce armadilha de camilo ricci .

o aroma de manjericão mesclado ao vinagre balsâmico, ao pecorino e ao pistache invadiu-lhe o olfato , interrompendo seus pensamentos . aceitou as entradas com um sorriso em agradecimento ao cameriere , antes de elevar a taça aos lábios e saborear o grand cru . um suspiro prazeroso sutil escapou , enquanto seus olhos voltavam ao homem à sua frente . uma pequena risada rompeu sua hesitação . se já estava na chuva , por que não se molhar ? talvez fosse a frase que ainda perambulava entre os tímpanos que recobrava memórias da adolescência , ou a atmosfera envolvente de velas , flores e pratos elaborados que a embriagava , mas sua resposta vinha quase automaticamente , surpreendendo-a pela franqueza . ela percebia o jogo dele . camilo sempre a colocava como adversária apenas para , no final , reivindicar sua vitória e cobrar um prêmio . e , embora o permitisse isso na maioria das vezes , ali a cautela lhe serviria melhor . ❝ passei por uma fase… delicada na adolescência . estive envolvida em um acidente que me fez repensar a vida por inteiro e , naquele dia , ao acordar em um hospital sem saber o que havia causado , escrevi uma carta para minha mãe . nela , supliquei para que fôssemos embora de khadel e deixássemos tudo para trás , mas nunca tive coragem de entregá-la , e… depois , já era tarde demais . ❞

a confissão era um lapso de sua fachada meticulosamente construída , e teria certeza de não cometer outro deslize . levando uma fatia de mozzarella envolta em pesto aos lábios , pausou antes de devolver a pergunta com naturalidade , como se suas palavras não carregassem o peso de uma cicatriz . ❝ há algo que ainda não tenha exposto para toda a cidade e que apenas eu teria o privilégio de saber ? ❞ não esperava que ele se tornasse vulnerável a ponto de revelar algo significativo , mas manter a conversa fluindo era o mínimo . ❝ e já que insiste em transformar isso em um encontro… diga-me , qual foi a última vez que alguém — ou algo — realmente te surpreendeu ? ❞

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Encontros !

camilo era mais observador do que poderia transparecer. ou talvez apenas era bom em ler as pessoas, estivesse ele se esforçando ou não. de certo era uma resposta natural à certos traumas, embora ele próprio nunca tivesse feito tal conexão. crescer em um lar disfuncional, com um pai completamente desequilibrado e frequentemente violento o fizera aprender a interpretar os pequenos sinais, a estar alerta aos padrões e as mudanças destes. o que havia começado como um mecanismo de defesa passou a ser útil para conquistar o que quisesse, de quem quisesse. dinheiro era um facilitador inegável, mas o carisma e a compreensão da natureza humana o levava além. entender as pessoas fazia com que ele soubesse exatamente o que dizer ou fazer para que as coisas pendessem para o seu lado da balança. por isso se divertia tanto nos momentos em que interagia com neslihan. tudo na postura dura e poderosa da mulher era sincero, e ainda sim, em pequenos - quase imperceptíveis - momentos daquela dinâmica dos dois, ele podia ver fragmentos que deixavam claro que ele a atingia de alguma forma (além da irritação). sabia que entre uma provocação ou outra sua, incitava nela interesse o suficiente para que aquele jogo continuasse. com aposta ou não, neslihan provavelmente não se submeteria a algo que ela fosse completamente contra. era por isso que para camilo, a vitória não era apenas o fato da mulher estar diante de si naquele encontro, mas de ter permitido que tudo aquilo se desenrolasse até aquele ponto.

e agora lá estava ela, aqueles pequenos padrões que ricci já havia notado antes parecendo um tanto quanto... conturbados. e não apenas pela gentileza forçada que a gökçe precisava lhe conceder. estava acostumado a vê-la lutar contra a atração sexual que existia entre eles, mas o nervosismo que demonstrava parecia motivado por outra coisa. não se atreveria a dizer que sabia o motivo, mas se precisasse tentar adivinhar, talvez pudesse ter algo a ver com a história recente das almas gêmeas. não importava, no final das contas. camilo não achava que aquela história era real, e mesmo se fosse, não imaginaria que se aplicaria a eles. certamente neshilan partilhava da mesma opinião.

e então, ela estava de volta. ele sorriu. continuava divertido vê-la lutar para manter a gentileza, mas o fato era que ele gostava mesmo era da rispidez comum que ela demonstrava. o que podia dizer? adorava quando ela o maltratava. "sabe que na aposta, eu pedi que fosse gentil, e não passiva." havia uma diferença destacável. "ou você acha que eu considero que uma mulher educada é uma mulher que concorde com tudo o que eu digo?" ele riu, inclinando-se ligeiramente para frente, o sorriso em seu rosto deixando mais do que claro que ele estava entretido. sabia que haviam outros casais naquela noite, mas não se deu ao trabalho de prestar atenção em quem havia chegado. os olhos estavam fixos na mulher diante de si. "quantas?" perguntou então, voltando a recostar-se na cadeira. "diga um número, e eu faço. mudar vidas, isto é" não exatamente por benfeitoria, mas simplesmente porque ele podia. e se ela quisesse... bem, sinceramente? o faria justamente por aquele motivo.

a frase contendo a doçura insípida não falhou em lhe satisfazer, porque sabia que era verdade, por baixo do tom forçado - ele parecia estar causando algum efeito diferente nela. já a outra frase quase o fizera revirar os olhos, especialmente pelo sorrisinho alheio. "eu vi." assentiu diante da constatação da outra, a respeito do nível dos encontros de khadel. "sinceramente, me surpreende que uma mulher como você se contente com pouco." o idiota do karaokê lhe vinha na mente, mas a situação o fazia presumir que ela talvez abaixasse os padrões vez ou outra como naquela noite. um absurdo, considerando de quem se tratava. o garçom se aproximou com o vinho e camilo prontamente o degustou, aprovando e aguardando que ambas as taças fossem preenchidas. ele observou o líquido de cor forte antes de voltar a atenção a ela. "pelo contrário. estou bastante acostumado a ter mulheres gostando de tudo o que eu faço com a minha boca." ele sorriu, descarado. "por isso gosto de você. da sua honestidade, no caso. é claro que você está tendo alguma dificuldade de separar grosseria de franqueza, porque claramente está pensando que eu queria que agisse como uma boneca sem opiniões na noite de hoje, mas acredito que até o final do jantar você vai entender o que eu realmente quero." tão logo a entrada foi oferecida, mas camilo não deu muita atenção ao trabalhador, apenas agradecendo brevemente após ter os pratos dispostos na mesa sem virar o rosto em sua direção. "bem, isso é um encontro, certo? e já que você está tão disposta a se submeter aos meus caprichos, por que não fazemos isso direito? devemos nos conhecer, já que é para isso que servem essas ocasiões" não era como se ele tivesse um interesse verdadeiramente romântico (ou ele próprio estivesse disposto a falar muito sobre si mesmo), mas ficaria muito mais fácil levá-la para a cama se a conhecesse melhor. para além disso, ela simplesmente despertava nele muita curiosidade mesmo. "diga algo sobre você que ninguém mais sabe." pediu, sabendo que a frase havia sido vaga o suficiente para que ela compartilhasse o detalhe mais irrelevante, se assim o quisesse.

Camilo Era Mais Observador Do Que Poderia Transparecer. Ou Talvez Apenas Era Bom Em Ler As Pessoas, Estivesse

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3 months ago

você me disse uma vez... a frase reverberava no subconsciente de neslihan enquanto os olhos , estarrecidos , repousavam sobre camilo . como poderia ele considerar um detalhe tão ínfimo sobre ela como algo digno de nota ? era uma possibilidade que lhe parecia remota , dada a compreensão que possuía dele , no entanto , o olhar que ele sustentava a fazia hesitar — seria apenas um artifício de preservação ou uma faceta genuína de sua essência ? o coração ainda acelerado acompanhava cada sutileza de sua expressão , se fosse honesta consigo mesma , reconheceria que , embora ele parecesse ter guardado aquela informação há muito tempo , ela própria não poderia dizer o mesmo a seu respeito . talvez porque , mais vezes do que gostaria de admitir , o considerasse um desperdício de tempo — e , mesmo assim , era inegável a forma como reagia à sua presença . ou , quem sabe , o motivo fosse outro . ali , naquele instante , a morena percebia que , apesar dos excessos , da transparência desconcertante com a qual abraçava o mundo , o ricci não era alguém verdadeiramente aberto . assim como ela .

a constatação prendeu-lhe a respiração por um breve instante . assim como ela... o que , afinal , sabia do homem além da fortuna , das excentricidades e das provocações incessantes ? tinha conhecimento do noivado fracassado com olivia , mas o episódio dizia mais sobre o estado de espírito da amiga do que sobre ele . tinha conhecimento da proximidade dele com graziella , mas , mais uma vez , o fato refletia mais as escolhas dela do que algo sobre ele . fora isso , além da inclinação por qualquer ser com pulso , cognição e idade suficiente para consentir , o único detalhe verdadeiramente genuíno que conseguia atribuir a ele era a fazenda . um pequeno universo à parte , uma utopia quase esculpida a partir dos próprios sonhos infantis — e a única razão pela qual ainda concedia a camilo qualquer vestígio de sua atenção . talvez existisse um oceano de razões para admirá-lo , e , ainda assim , a gökçe jamais as teria enxergado . não quando se recusava a vê-lo sob qualquer perspectiva além daquela que deliberadamente adotara .

a sugestão de um copo d'água a pegou de surpresa . outra vez . pelos cosmos , o que estava acontecendo com ele ? ou , pior , com ela ? seria possível que aquele singelo pedido — não refutá-lo , ouvi-lo em vez de rebater , sorrir ao invés de franzir o cenho — tivesse desmoronado alguma barreira fundamental dentro de si ? era a única explicação plausível para a miríade de reações provocadas por gestos insignificantes do mais velho .

desviando o olhar para os detalhes ao seu redor , permitiu-o deter no menu à sua frente e à medida que percorria cada iguaria descrita , tinha a percepção de que suas pálpebras se expandiam paulatinamente . aquela , sem dúvidas , seria a refeição mais indulgente que já se permitira . sua dieta jamais fora bem-vista no seio de uma família italiana ocidental , não quando khadel estava imersa na região responsável pela criação da carbonara , da bistecca alla fiorentina , da lasagne alla bolognese . neslihan não se importava , a escolha era óbvia , moral e necessária . e , além , aprendera a cozinhar desde jovem , sob a tutela de gioconda . ainda assim , havia algo de tentador na ideia de uma refeição planejada exclusivamente para si , assinada por um chef renomado . com tiramisù para finalizar... poderia viver feliz pelo resto da vida se aquele fosse seu único alimento . a mera antecipação dos sabores fez com que voltasse a atenção para camilo no instante exato em que ele sugeria um bourgogne tinto — a mesma escolha que ela faria , caso estivesse na ofensiva . mas não , seu objetivo ali seria o de defesa . ou era , até o momento em que ele mencionou o grand cru renomado .

as íris , prestes a desviarem-se na direção de aaron e da nova presença na cidade , voltaram-se de imediato para o ricci . assim que o cameriere se afastou , neslihan esqueceu-se , por breves segundos , da necessidade de autocontrole . o suficiente para que as palavras escapassem , incandescentes . ❝ camilo , sabe quantas vidas — humanas ou não — poderiam ser completamente mudadas com o valor de uma única garrafa dessas ? ❞ a extravagância não lhe era estranha — era impossível que fosse , tendo crescido como uma şahverdi . justamente por conhecer as engrenagens daquele luxo desmedido ela nutria um repúdio instintivo por demonstrações tão opulentas . engoliu em seco , sufocando palavras que certamente se seguiriam , e levou o cristal aos lábios , permitindo que o líquido acalmasse o que restava de sua indignação . ❝ peço desculpas , não era minha intenção interferir . ❞ a frase escapou de maneira impecavelmente ensaiada , tão automática quanto as palavras proferidas em sua infância . impressionava-a a facilidade com que certas máscaras se reacomodavam .

podia sentir o olhar castanho pesando sobre si , e alinhou meticulosamente as mínimas expressões . um esforço inútil , com o questionamento que logo seguiu . cinco minutos . nem cinco minutos se passaram , e ela já estava exausta da exaustão . exausta de escolher ao que reagir , de precisar conter-se , de dançar entre extremos . mas mais do que nunca , era grata por ter sido deserdada daquele mundo de artifícios . ❝ a sua presença , é claro . como adivinhou ? ❞ o tom era insuportavelmente doce , carregado por uma ironia impossível de não ser percebida pelo que era , sua irritação . não , camilo , o que me deixa nervosa é precisar ser quem eu não sou para te satisfazer . por mais que aquela fosse uma das verdades , jamais permitiria pensar novamente na outra , que , por um breve instante , suspeitara que ele estivesse considerando um destino para eles em meio à suposta existência da maldição .

❝ ainda que encontros decentes sejam... um tanto raros de serem mantidos nesta cidade— ❞ arqueou uma sobrancelha , ciente de que ele entenderia exatamente a que se referia ❝ —, eu consigo tirar bons momentos . ❞ inclinando levemente a cabeça , permitiu que os fios longos deslizassem sobre um dos braços . o sorriso desenhou-se discreto , a postura impecável — vestígio da criação esculpida pela etiqueta — permanecendo inalterada . um dos punhos repousava sobre a aresta da mesa , enquanto sorvia um gole delicado . somente então voltando a encará-lo . ❝ já você parece extasiado . seria eu ou apenas não está acostumado a ver suas companhias adorarem cada palavra que proclama ? ❞ replicava a indagação com o humor dócil , reparando o jovem retornar com o vinho já no decantador . receava o momento em que o líquido rubro tomasse conta do seu paladar , recordava das notas florais e tato encorpado que ele trazia , e ela sabia como era infinitamente mais fácil reacondicionar-se ao que outrora fora a norma , do que livrar-se dos hábitos .

ele tinha certeza de que se divertiria naquela noite observando o esforço alheio em lhe tratar com o mínimo de gentileza, mas os olhos semicerraram discretamente em um movimento quase imperceptível quando ela devolveu o elogio de um jeito quase sincero, ainda que visivelmente hesitante. não que ele duvidasse da capacidade de neslihan de ser uma pessoa educada e carismática, e também não era como se ele não reconhecesse que a postura da jovem até então era meramente reativa às suas provocações. ainda sim, talvez por estar já acostumado à dinâmica comum da relação dos dois, a suavidade na voz alheia o fez questionar se a gökçe era uma atriz tão boa assim. ele próprio sabia ser - havia aprendido a mentir muito bem. mas raramente o fazia, preferia ser terrivelmente honesto. e o havia sido, quando a elogiara. sorriu para si mesmo, satisfeito, quando ela confirmou a preferência pelo local externo. muito embora neslihan fosse indubitavelmente refinada e tão rica quanto o ricci (ou ao menos não tão distante disso), já havia se deparado com a jovem em sua fazenda um bom par de vezes, suficiente para reconhecer nela uma ou outra similaridade consigo. ele não diria em voz alta, e com certeza ela odiaria reconhecer, mas não passava despercebido que eles tinham um número razoável de coisas em comum. camilo não tinha qualquer noção a respeito do passado da turca, e duvidaria que havia sido parecido com o dele, mas haviam certas prioridades na vida de ambos que se convergiam. além do cuidado exímio que ela havia demonstrado com os animais resgatados, milo se recordava de vê-la cavalgar como se o vento no rosto naquele ato fosse o mais perto de uma verdadeira liberdade que ela jamais teria. podia ser coisa de sua cabeça, somente o instinto humano de espelhar os próprios sentimentos nos outros. não se atreveria a perguntar, e era uma mera especulação de sua parte. foi por isso que presumiu que ela apreciaria o ambiente externo, independente do quão impecável estivesse o interior do restaurante.

franziu a testa diante da pergunta alheia, achando certa graça na questão. não era um segredo, certo? "você me disse uma vez." nos estábulos da fazenda, completou mentalmente. "eu não me esqueço do que considero importante." com segundas intenções ou não, ela era uma figura presente com certa frequência em seus dias, e aquilo parecia um detalhe não menos do que imprescindível de se recordar. além do mais, lembrava-se de pensar que aquele detalhe era bastante condizente com sua persona. amor pelos animais, senso de justiça, determinação - simplesmente fazia sentido. ainda que sua frase tivesse sido uma resposta direta e sincera, esperava alguma provocação da parte dela como de costume, mas no lugar de palavras neslihan pareceu ter um repentino acesso de tosse. pego de surpresa, piscou algumas vezes tentando compreender o que raios havia acontecido, mas antes mesmo que pudesse questionar ou sugerir alguma solução, o acesso de tosse da mais nova se interrompeu tão rápido quanto iniciou, e ela o puxou restaurante adentro, como quem buscava acabar logo com a tortura. a própria mulher deu o nome da reserva (embora fosse desnecessário, considerando o recém status de sub celebridade de ambos) e tão logo ambos se encontravam sentados à mesa perfeitamente posta e romanticamente decorada.

como se ela não tivesse praticamente corrido até ali, neslihan agiu normalmente assim que se acomodou na cadeira. isto é, quase. a doçura na voz agora era um pouco diferente da suavidade do primeiro comentário que lhe dirigira, e camilo ergueu uma das sobrancelhas, observando entretido, como quem observa um malabarista no trânsito. entre uma frase e outra ele enfim se localizou melhor no que acontecia, percebendo que neslihan fazia exatamente o que ricci havia exigido: tratá-lo bem durante toda a noite. quando ouviu o apelido utilizado por ela deslizar pelos lábios bem desenhados, ele deu risada. olhou para o garçom que aguardava as instruções. "primeiro, poderia trazer um pouco de água para a senhorita?" ela havia quase falecido há meros segundos, ora essa. "e eu acredito que um pinot noir seja uma boa opção hoje" ele já sabia as opções que a sua mesa teria, e portanto o vinho tinto combinaria com todas elas. como opções de entrada, haviam preparado bruschetta de tomate com manjericão e creme de balsâmico e uma salada caprese com pesto de pistache. para o prato principal, as opções eram ravioli de ricota e espinafre com manteiga e sálvia, servido com parmesão e pimenta preta, e risoto de cogumelos porcini e trufa. já para a sobremesa poderiam pedir tiramisú clássico e panna cotta de lavanda com coulis de framboesa. os pratos estavam descritos no pequeno menu personalizado e disposto na mesa em frente a cada um deles. "domaine de la romanée-conti, por favor." comparecia ao restaurante o suficiente para saber que eles tinham aquela opção. o rapaz maneou a cabeça e se retirou, aparecendo segundos depois para servir primeiramente a água para neslihan, antes de buscar o vinho solicitado. somente então pôde olhar em volta e absorver o quão impressionante estava a decoração. normalmente havia um pouco mais de iluminação do lado de fora, mas notou que o estabelecimento havia deliberadamente os deixado basicamente á mercê das luzes das velas, da lua, e da iluminação do ambiente interno que inevitavelmente refletia onde estavam. e como se a noite houvesse sido fabricada perfeitamente pelo restaurante, o céu estava limpo e repleto de estrelas, e a temperatura da noite estava suficientemente amena para permitir tanto o vestido aberto de neslihan, quando as mangas longas do terno de camilo. ele a observou uns segundos. "você parece mais nervosa do que eu esperava. quer dizer, você está sempre nervosa, mas agora parece... nervosa." ela saberia interpretar a diferença dos dois termos. "isso tudo sou eu? ou você simplesmente não está acostumada com encontros decentes?" camilo sabia agir como um cafajeste tão bem quanto agir como um cavalheiro. a diferença era seu interesse, a depender do momento. ele arrumou os óculos, aguardando a resposta, curioso não apenas por ela, mas pelo tom que a jovem utilizaria. o quanto duraria a docilidade alheia?

Ele Tinha Certeza De Que Se Divertiria Naquela Noite Observando O Esforço Alheio Em Lhe Tratar Com O

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4 months ago

os dias que antecederam o fatídico encontro com camilo desenrolaram-se como um prelúdio de estranha quietude , e neslihan deveria ter decifrado a calmaria da como a bonança que precede uma tempestade . a dança travada entre ela e o homem era uma composição de espinhos e pétalas , um ritmo de contradições , que ao mesmo tempo que a avivava , se entrelaçava com receio e a noção de que tudo nada mais era que uma miragem . sob o disfarce da aposta e a justificava da suposta maldição que os unia , embora soubesse que não passava de um jogo de caprichos e vontades , havia pouco o que pudesse ser contestado , não com o ricci envolvido na trama e sua palavra em linha .

relendo pela oitava vez a mensagem que detalhava os planos para a noite , soltou um suspiro , o gesto carregado de resignação e com um toque apreensivo . não pelo que certamente a esperava , o conhecia e as expectativas não eram grandiosas . não , a gökçe , quando devidamente preparada , habituara a pressupor o mínimo de camilo para evitar ter decepção como o único sentimento correndo em suas veias além da ira latente . o que levava ao real motivo da inquietude . o algo a mais que parecia residir nos olhos castanhos do homem — o brilho sagaz , a gentileza involuntária revelada nos pequenos gestos de acolher e proteger animais — e que ele insistia em ocultar , fazendo-a questionar a verdadeira profundidade do homem . seria ele capaz de enxergar além , perceber o tormento que ainda regia o interior feminino , ter um olhar mais crítico do que demonstrava com o egocentrismo típico de um herdeiro acostumado a excessos .

vermelho , neslihan não trajava apenas uma cor , mas uma armadura . a exuberância da tonalidade distrairia breves atenções , desviando-os do corpo . longe dos hematomas amarelados e púrpuras que salpicavam o lado direito das costelas , cuidadosamente ocultos pelo corte estratégico que evidenciava a pele oposta . a seda luxuosa deslisava suavemente sobre a pele , sem abrasar os pequenos cortes que trilhavam a extensão entre quadril e coxa , também velados pela fenda que se abria expondo a perna oposta . um artifício de ilusões , uma arte que dominava desde o momento em que nascera uma şahverdi . os dígitos da destra , adornados pelos anéis de herança materna , descendiam pelo tecido enquanto as íris permaneciam fixas às janelas da villa , em espera da interrupção do interfone conectando os portões de ferro ao interior terracota .

com a canhota entremeava os dedos no pelo aveludado de mark , que a vinha perseguindo como uma sombra protetora desde a sua queda . afagando o animal , desvinculou-se do peso sobre o seu colo com o surgir do par de faróis à distância . apressou-se para abrir a barreira , os saltos em camurça a carregando porta afora , aguardando-o contornar a entrada . o sorriso oferecido era genuíno ao rosto repleto de linhas do tempo , os fios prateados reluzindo ao abrir-lhe a porta do veículo . ❝ grazie mille , signore . ❞ aceitando a palma calorosa como apoio , viu-se envolta pelo interior luxuoso , a conversa em tom animado a acalentando e fazendo o trajeto desaparecer com um pestanejo .

entretida pela cadência do timbre rouco contando histórias de seus netos , neslihan acompanhou a figura levemente curvada até que ele estendesse uma mão novamente , assegurando sua saída . com os lábios ainda presos em humor , não foi até que a exclamação de camilo ecoasse , que percebeu que ali ele estava , as vestes inteiramente pretas destacando o bronzeado da pele . com o elogio soando verdadeiro em seus ouvidos , o sorriso que havia caído retornou , surpreso . deliberando sobre a exigência feita quanto a refrear seu temperamento sanguíneo , girou lentamente em seus calcanhares , o riso escapando mais natural do que antecipava . o recorte pairava logo acima das costelas , alto o suficiente para quase nada revelar na baixa iluminação noturna . ❝ você também está muito... charmoso . ❞ o reconhecimento saía em hesitação , delongando-se no adjetivo , ainda que tivesse de admitir que os óculos conferiam um toque de charme na expressão usualmente presunçosa .

atendo-se ao braço que era oferecido , permitiu-se acompanhá-lo , o calor alheio e a proximidade provocando consciência incômoda na pele . com a sugestão polida , solevou uma das sobrancelhas em diversão . ❝ oh , não . prefiro a área externa , o ar livre será meu maior aliado hoje . ❞ flexionando a palma que segurava a bolsa , a postura enrijeceu-se com as próximas palavras , a outra sobrancelha arqueando . ❝ como você se lembra que eu sou vegetariana ? ❞ embora a dieta não fosse um segredo , o fato dele recordar-se e assegurar que as necessidades dela fossem acomodadas...

um pensamento alarmante a atingiu . antes não cogitava por um minuto que camilo pudesse levar a sério a busca por sua alma gêmea , e a noção era o que a tinha feito aquiescer tão facilmente . mas... seria possível que ele realmente acreditasse no amor perdido há gerações ? e o mais aterrador , poderia ele considerar que eles fossem destinados um do outro ? a consideração a fez ter um acesso de tosse , o som quase histérico , e precisou impedi-lo de adentrar il giardino — onde inúmeros olhares já os fitavam — com as unhas flexionando sobre o tecido escuro . tomando longas respirações tingidas de um leve pânico , não permitiu que ele a questionasse ou sequer oferecesse consolo . assentindo , seguiu em direção ao maître d' aguardando , os lábios forçados formando o sobrenome masculino , antes de serem guiados até o romântico ambiente , aceso com velas e o aroma de rosas permeando .

subestimá-lo havia sido um erro , neslihan deveria ter se preparado para uma guerra . a única saída era ser tão encantadora e desprovida de qualquer semelhança com o seu eu , a ponto de assustá-lo . ❝ então , podemos começar com uma taça ? ❞ a voz era doce e o pedido de permissão formava um arrepio em sua espinha . agradecendo à carta que o cameriere depositava nas mãos de ambos — um olhar esperançoso por detrás da expressão neutra que ele adotava — , pousou as íris no ricci , com uma leve inclinação de cabeça , sorrindo . ❝ imagino que você conheça os melhores , e tenho certeza que escolherá o perfeito para harmonizar com… o que tenha planejado ! ❞ com o toque trêmulo pela ansiedade abaixou o papel linho . ❝ o que sugere , milo ? ❞ o apelido era um que ela nunca havia utilizado , mas ouvira vez ou outra ser proferido com carinho e , ali , o aderia com naturalidade .

Os Dias Que Antecederam O Fatídico Encontro Com Camilo Desenrolaram-se Como Um Prelúdio De Estranha

DINNER DATE at Il Giardino

with. @neslihvns

na direção do restaurante, camilo não pensava muito sobre a maldição, almas gêmeas ou o ocorrido naquela noite misteriosa. como se recuperasse finalmente um pequeno resquício da sua vida antes daquela notícia, ricci dirigia divertindo-se com a simples ideia de que aquele encontro representava sua vitória de alguns dias antes. e ele sabia que seria deliciosamente interessante testemunhar neslihan ser agradável consigo, contrariando seu instinto feroz que geralmente não falhava em colocá-lo em seu devido lugar. como tudo que envolvia os dois, toda a situação em que se encontravam não era mais do que uma briga de egos. eles tinham palavra suficiente para honrar a aposta, até mesmo camilo teria obedecido qualquer que fosse a exigência alheia, e portanto sabia que a turca não falharia. mas verdade fosse dita, a proposta do encontro não tinha um verdadeiro envolvimento com as questões recentemente levantadas a respeito de como eles poderiam estar envolvidos na lenda da maldição de khadel. milo não achava que a gökçe era sua alma gêmea, e sinceramente, nem queria achar. um ano para descobrir quem seria seu verdadeiro amor? impossível. preferia focar em algo muito mais concreto: traduzir, eventualmente, toda a inquietude alheia diante de sua presença em uma inevitável química, levá-la para cama, e finalmente riscar o nome de seu caderninho. mais cedo, solicitou que um motorista a buscasse em sua residência, e aguardou do lado de fora do restaurante a sua chegada. ao estacionar do carro, o motorista chegou até a porta antes que camilo o pudesse fazer, e assim ricci ficou, parado no meio do caminho, observando a figura magnética que deixava o automóvel em um vestido que parecia ter sido feito para uso exclusivo de neslihan gökçe. “uau” escapou-lhe, passando a mão pelo próprio peito como se desamassasse a peça de roupa, mas na verdade buscava mandar um aviso discreto para que o corpo diminuísse um pouco a palpitação no peitoral. piscou algumas vezes antes de voltar a se concentrar, e caminhou até a jovem sem demora. “você está… estonteante.” ele já estava na vantagem ali, certo? que mal fazia um elogio sincero? não era como se neslihan não soubesse o quão atraente era. talvez ela aguardasse algum comentário engraçadinho e presunçoso, até por ter exigido que ela lhe oferecesse simpatia independente de como ele se comportasse, mas sabia que somente havia uma forma de pega-la desprevenida: ser agradável. pelo menos até sentarem à mesa. ofereceu o braço para que caminhassem juntos até a entrada do restaurante. “escolhi a mesa do lado de fora, mas eles podem mudar, se você preferir” a música no ambiente interno era boa, mas estar ao ar livre parecia mais agradável. imaginava, pelo que conhecia dela, que a morena também escolheria o mesmo. “e já confirmei também o cardápio. as opções, para nossa mesa, são todas vegetarianas. até as minhas, então não precisa se preocupar” sorte a dele que sua má fama faria a mulher pensar que tais esforços eram apenas charme temporário: imaginem se descobrissem que as vezes camilo ricci conseguia pensar em outra pessoa além dele? “vamos?”

DINNER DATE At Il Giardino

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4 months ago

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : antes da revelação !

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

entrelaçada à figura loira como se ele fosse a última barreira entre ela e a ruína de sua sanidade , com as íris semicerradas observou camilo cobrir a distância entre a mesa que ele invadira e o palco . seus lábios retorciam-se em uma expressão nula — não permitiria que ele notasse a diversão que escondia em seus olhos ou a excitação que desafiá-lo provocava em sua natureza competitiva . respostas positivas , até o momento em que as palavras dele a atingiram . é claro que camilo recorreria a artimanhas para garantir uma vitória injusta , como ela poderia ter esperado algo diferente , por um segundo sequer , era uma reflexão de ingenuidade que se recusava a encarar mais a fundo . com as pálpebras entreabertas se estreitando ainda mais , a irritação as fazia palpitar , tomando o lugar da breve sensação de triunfo com a própria performance .

assim que as primeiras notas introduziram a música , as palavras iniciais proclamadas em melodia pela voz grave do ricci , e ele apontando em sua direção , a mulher desejou fazer como a canção dizia e empurrá-lo em uma piscina . olhares recaíam sobre suas reações , incapaz de serem contidas com indiferença , não quando camilo estava envolvido . antes que pudesse processar a sugestão lançada no ar , ele se aproximou , os dígitos quentes cingindo a pele do seu rosto . com a respiração contida em exasperação , exalou o ar irritado em um rompante assim que ele recuou . cogitava puxar matteo pelas palmas ainda unidas e simplesmente abandonar o moreno com todo aquele espetáculo , mas antes que pudesse oferecer um olhar sugestivo ao mais novo , mãos gélidas marcadas por todos os anos vividos se esgueiravam pelos braços de neslihan . com uma força surpreendente , a donna , com a expressão brilhando em intuito maquiavélico , a arrancava de seu assento . sussurrando reprimendas de como ela poderia deixar um partido tão bonito , gentil , e apaixonado , de lado para escolher um adolescente ? seria ela , por acaso , uma etarista ? as pontas das orelhas queimavam com palavras sufocadas , afinal , ela tinha respeito às experiências vividas , e os saltos raspavam o chão em protesto . com a matrona a empurrando para os braços , metafóricos , do ricci , não teve escolha a não ser encará-lo , as luzes iluminando o repuxar dos lábios forçado , que em nada velava os olhos que o fuzilavam .

no intuito de não assemelhar-se à personificação do homem de lata , desprovida de um coração diante do teatro de camilo , digno de um tony award , começou a enunciar as palavras junto dele . as orbes inflamadas prendiam-se às masculinas , exagerando mais um sorriso carregado de falso fascínio . ao tê-lo prostrado de joelhos em sua frente , um riso ameaçou escapar de sua garganta , mas o engoliu , optando por cravar as unhas sob os bíceps alheios e puxando-o para uma posição digna . ❝ eu vou te matar , e nenhum investigador neste mundo conseguirá recuperar todas as partes do seu corpo quando eu terminar . ❞ entre dentes , as palavras eram quase inaudíveis em meio aos aplausos e assobios que celebravam o drama que estrelavam . as bochechas doíam ao ter de manter os lábios dispostos no arco fingido — contrário aos dele , que se formavam em uma expressão de puro deleite — , e ao descer os degraus , desfez seu aperto , recusando-se a dirigir mais um olhar sequer ao ricci . sabia que ele a seguiria , nem que fosse unicamente para gabar-se da vitória que ele considerava conquistada .

sabendo que nem mais um minuto no bar seria passado sem que todos os observassem como peças vivas em um museu , neslihan pegou sua bolsa , depositando euros suficientes para cobrir seus martinis e seja lá o que matteo houvesse pedido . fazendo o loiro levantar-se e ajeitar a camisa de botões com um breve relance , virou-se para camilo . ❝ parabéns , você conseguiu trapacear no karaokê . eu diria que é admirável , não fosse tão lamentável . ❞ ainda tinha um pequeno sorriso fixo para os que os estudavam . ❝ agora , se me me permite , tenho mais o que fazer com a minha noite do que te entreter por mais um minuto , caro . ❞ ao dar as costas , curvou seu braço ao do seu primeiro acompanhante , seguindo para a porta , os passos pesados denunciando a irritação em suas veias . parando abruptamente , ergueu um dedo no ar , como se acabasse de lembrar-se de algo , e encontrou o olhar de camilo por sobre os ombros . ❝ ah , e pode entrar em contato com minha assistente para falar o que deseja como pagamento . ❞ com uma saudação cômica , retomou o caminho . agarrando-se com mais força ao loiro , um protesto deixou os lábios alheios , recebido com um revirar de olhos . as suspeitas anteriores se provariam verdadeiras não muito depois , matteo completamente imemorável e incapaz de apagar a ira provocada pelo ricci de seus pensamentos .

ㅤㅤㅤㅤㅤflashback : Antes Da Revelação !

encerrado !

@khdpontos

flertar era fácil demais. e camilo adorava coisas fáceis! tanto em sua vida havia conseguido daquela maneira, e não acreditava ser demérito algum. por isso suas noites eram sempre repletas daquela que poderia ser classificada como uma de suas atividades favoritas, deliciando-se sempre com a troca nunca decepcionante de olhares interessados e palavras recheadas de duplo sentido que geralmente caminhavam para um final muito feliz. poderia ter adentrado o local e procurado pelo primeiro par de olhos brilhantes de desejo, e se o tivesse feito, àquela altura estaria provavelmente encontrando alguma maneira despretensiosa de adicionar um ou outro toque físico que fizesse o ideal trabalho de complementar cada uma de suas palavras sacanas. olhou em volta por pouco mais que dois segundos, imediatamente notando uma jovem loira sozinha — ela certamente serviria aquele propósito. quando retornou a atenção à neslihan, porém, o sorriso retornou aos lábios de uma forma mais sincera que as expressões de pura provocação até então. sim, ele poderia ter se distraído com outras coisas naquela noite; coisas mais garantidas, mais leves e certamente mais embriagadas. mas ah! havia alguma coisa simplesmente irresistível em um belo desafio. jogar aquele jogo, cuidadosamente estratégico e perfeitamente incitante, jamais o decepcionava. não com a gökçe. “acredite quando eu digo, não poderia estar mais ansioso para descobrir” e não duvidava mesmo de que ela fosse capaz de muito. uma força da natureza.

não se moveu quando ela se aproximou, mas apertou os dentes, travando um pouco a mandíbula inconscientemente. o aroma já notável se fez dolorosamente presente sob seu olfato, e conquistou um espaço no fundo da mente do homem. ele não esqueceria a fragrância tão cedo. atento à cada movimento da mulher como se somente houvessem os dois no estabelecimento, e a frase apenas não o satisfez mais do que a maneira que a perna da morena tocou a sua. era claro que ela entendia as intenções do ricci, o que por si só não mudava o fato de que ele ainda considerava uma vitória que fosse tão irresistível a ela engajar em mais uma batalha consigo, mas ainda reforçava o porquê nunca era decepcionante aquele cabo de guerra que os dois incansavelmente jogavam. as palavras alheias que seguiram não chegavam a atingi-lo, até porque em algum ponto, camilo apenas conseguiu focar no quão perto estava a boca bem desenhada da mais jovem. é, ele podia ter se ocupado aquela noite com qualquer outra pessoa, mas dificilmente alguma delas seria responsável pela adrenalina que ele sentia percorrer seu corpo. se camilo se movesse um centímetro que fosse, roubava-lhe um beijo. não o fez, porém, atendo-se às regras do jogo silencioso. observou-a soprar um beijo na direção de seu acompanhante; não se incomodou. ela podia fingir o quanto fosse, matteo era o peão ali.

camilo observou a apresentação com toda a atenção que esta merecia, sem deixar de notar o quão verdadeiramente agradável era a voz feminina. ele não precisava prestar atenção ao seu redor para saber que todos os olhares estavam fixos em neslihan, tal qual seu próprio. não se incomodou com a presença do loiro no palco, nem sua participação na performance. camilo ajeitou-se na cadeira, sentindo em sua perna um traço do breve toque de instantes atrás. sinceramente, para si, pouco impressionava a maneira que as mãos grandes do outro homem se encontravam em seu quadril, ou o jeito que distribuía beijos em seu pescoço; porque sabia que se fosse ele ali, não a permitiria se concentrar em nada além do seu toque. ao fim da música, a troca de olhares entre eles ainda era mais quente do que qualquer encostar de matteo. e se camilo estava fadado a terminar aquela noite sozinho independente do resultado da pequena aposta, então neslihan estava fadada a se frustrar buscando em outra pessoa uma faísca do fogo que havia entre os dois conhecidos. milo se ergueu ao final, batendo palmas como as tantas outras pessoas encantadas, e não evitou um riso diante da fala alheia. “e ainda sim, não parecem ansiosas para se livrarem dela” retrucou, sem fazer menção alguma de se afastar, até que a turca se sentou.

não deixou de notar a última provocação, e se matteo tivesse mais de um neurônio funcionando, ele também perceberia a forma ridícula que estava sendo usado. mas não se ocupou demais com aquele pensamento, ah, não! ele tinha uma aposta para vencer. subiu no palco sem demora e sem vergonha. só o que precisava era instigar o público, e sabia bem o que fazer, ainda mais em uma cidade tão carente de histórias românticas como khadel. enganava-se quem achava que o ego de camilo era grande demais para que ele se rebaixasse de algum modo, porque para conseguir o que quer, não tinha problema algum em se expor. “boa noite, pessoal! boa noite!” começou, obtendo algumas respostas animadas. “eu não costumo fazer isso, mas preciso de uma ajuda.” claro que ele não pediria palmas, ainda queria uma vitória justa. mas isso não significava que ele não poderia mentir para chegar lá. “tem uma mulher aqui que… roubou meu coração.” começou, do jeito mais dramático que ele sabia ser “e sinceramente, eu não sei mais o que fazer. ela continua pisando em mim, mas eu não aguento, eu sempre volto! então me ajudem a fazer ela me notar, pode ser? quem souber essa, canta aí comigo.” camilo foi até o responsável pelas músicas, sussurrando o pedido. tão logo a entrada animada de just the girl, do the click five, começou a tocar. com o início da letra, milo apontou na direção de neslihan, de modo que o público passou a dividir a atenção entre os dois, como se assistissem ao vivo um clichê ridículo de comédia romântica americana. a guitarra anunciou o refrão e ele pôde ouvir alguma senhora gritar para que ricci fosse até a turca. assim ele o fez, descendo as escadas do palco e se aproximando da mesa. se matteo não estava se sentindo um idiota antes, dificilmente tardaria a fazê-lo. conforme a letra avançava, tinha a impressão de que o bar inteiro os rodeava, interessado no que acontecia. não era todo dia que cantavam uma declaração (ainda que falsa) naquela cidade. a luz outrora no palco agora iluminava a mesa, e camilo se aproximou da jovem sentada, inclinado, e segurou a ponta de seu queixo com o indicador e o polegar enquanto cantava. “she’s just the girl i’m looking for” piscou-lhe um dos olhos e se afastou, retornando ao palco para seguir com a canção. engajados com a cena, camilo notou que uma boa parte cantava junto dele, ou ao menos tentava seguir a letra no telão. também percebeu que a mesma senhora que havia gritado antes agora caminhava até neslihan, insistindo que ela se levantasse, praticamente a empurrando de volta ao palco em que se encontrara minutos antes. se não estivesse ocupado com a própria performance, teria parado para rir. o segundo verso e refrão foram cantados diretamente para ela, e durante a ponte, colocou o microfone para a plateia cantar, como se fosse um cantor em seu próprio show. já no final, a volta do refrão agora vinha com ainda mais apoio geral, e na repetição do último verso, ele se jogou de joelhos, terminando a canção diante da gökçe, ouvindo a resposta à sua performance e sorrindo absolutamente satisfeito. podia até mesmo jurar ter ouvido alguém gritar por um beijo.

Flertar Era Fácil Demais. E Camilo Adorava Coisas Fáceis! Tanto Em Sua Vida Havia Conseguido Daquela

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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : ao menos quando eu arrancar seu ego com as minhas unhas , saberá que foi o instinto animalesco que instigou em mim

✉️ : aceito que perdi por conta do seu roubo

✉️ : perfeitamente contente em ser o sr. darcy para você então

✉️ : será que o buzzfeed está aceitando que animais criem testes agora ? vou voluntariar chaz e virginia , eles seriam capazes de montar um melhor do que esse que fez

✉️ : sonharei com você quando tiver a intenção de ter mais pesadelos do que o costume

✉️ : e camilo ? gentileza perder o meu número e só me contatar via carta

encerrado !

SMS to [docinho]

📲 [milo]: sou conhecido por instigar instintos animalescos mesmo

📲 [milo]: estou na página 54, mas vou ter que voltar algumas. as que eu li ontem, suficiente dizer que eu estava meio fora de mim

📲 [milo]: fechada, orgulhosa, pouco acessível…

📲 [milo]: mas justa não sei. pra isso, você teria que aceitar que perdeu

📲 [milo]: eu sou a elizabeth! fiz até um quiz na internet, então é um fato cientificamente comprovado

📲 [milo]: e vai ser a melhor noite da sua ;)

📲 [milo]: te mando mensagem depois com os detalhes da reserva, agora vou continuar lendo, sra darcy

📲 [milo]: sonhe comigo


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : é impossível manter a civilidade com você

✉️ : ...

✉️ : e quantas páginas você já leu ? vinte ?

✉️ : se parecer com sr. darcy você se refere a uma pessoa estimada , valiosa , justa , com princípios e livre para ser e fazer o que quiser , sim , eu sou exatamente o sr. darcy

✉️ : já você , parece a sra. bennet

✉️ : quando terminar orgulho e preconceito , sugiro morro dos ventos uivantes

✉️ : realmente , útil para conseguir processos de assédio e atentado ao pudor

✉️ : eu espero que você saiba que vai ser a pior noite da sua vida

✉️ : um completo pesadelo

SMS to [docinho]

📲 [milo]: haha you wish

📲 [milo]: atração? você já me mandou à merda com mais fogo do que beijou ele aquela noite

📲 [milo]: é claro que levarei! mas primeiro tem o brunch que eu prometi. aparentemente, as mulheres do clube do livro querem me conhecer

📲 [milo]: ja leu orgulho e preconceito? comecei esses dias

📲 [milo]: você parece o mr darcy

📲 [milo]: anotado: você quer amarrar minha boca. podemos fazer acontecer, mas eu te garanto que sou muito mais útil com ela livre

📲 [milo]: tarde demais. já tá decidido

📲 [milo]: você perdeu, darcy, agora vá escolher seu vestido para o encontro, mesmo que seu parceiro seja apenas tolerável


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : você fica muito unsexy só existindo

✉️ : triste mesmo é você pensar que a atração entre eu e ele foi arruinada pela sua presença

✉️ : a única coisa que você conseguiu arruinar foi a minha paciência

✉️ : já que donna marcella é TÃO impressionante e te deu tantas dicas , que tal levar ELA para um jantar ?

✉️ : talvez com o conhecimento de shibari que ela tenha , ela consiga amarrar a sua boca e me deixar relaxar por algumas horas no completo silêncio

✉️ : você me chamando de hani apenas me faz te detestar cada vez mais

✉️ : camilo , não , por favor , eu até imploro se for estritamente necessário

✉️ : eu faço tudo que me pedir , menos um encontro

SMS to [docinho]

📲 [milo]: você fica muito sexy ensinando gramática

📲 [milo]: fez o coitado vir de outra cidade só pra ser ignorado enquanto faz um show todinho só pra mim? caramba, foi mais triste que eu pensava então

📲 [milo]: tão inesquecível quanto uma xícara de chá

📲 [milo]: sei sim, é meu charme

📲 [milo]: calma lá, as regras eram claras: quem recebesse mais palmas, vencia. eu fiz um show digno, e ganhei merecidamente

📲 [milo]: pois a dona marcella é uma querida! adicionei ela no instagram e hoje mais cedo ela ate me enviou umas sugestões de atividades para fazer com minha namorada

📲 [milo]: dona marcella é vivida, porque uma das sugestões era shibari

📲 [milo]: direto pro roleplay? caramba, que apressada, hani

📲 [milo]: mas eu sou um romântico! então vou te pagar um jantar antes de te ver fantasiada de faxineira


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : é uma hipérbole , camilo , hipérbole

✉️ : não que seja necessário você saber , mas primeiro : ele não é de khadel , ao contrário de você , não preciso conhecer todos os meus vizinhos de maneira íntima

✉️ : e segundo : matteo foi inesquecível , principalmente depois do seu espetáculo

✉️ : você sabe que você é irritantemente IMPOSSÍVEL de ignorar , não sabe ?

✉️ : a única atração óbvia que existe é entre a minha mão e o seu rosto

✉️ : perdi porque você ROUBOU

✉️ : aquela senhora me encontrou no la bottega e tomou meia hora do meu dia para falar sobre você , camilo

✉️ : não , sem chances !!!! um encontro não estava implícito no acordo

✉️ : e não vou tocar no assunto de favores sexuais com você nem sob o uso de narcóticos

✉️ : escolhe outra coisa , eu posso ser sua cozinheira ou faxineira por uma semana inteira , até consigo fingir que adoro o chão que você pisa

SMS to [docinho]

📲 [milo]: é só o que falta mesmo, considerando o trabalhão que tiveram pra abrir uma pedreira

📲 [milo]: a culpa é minha que você escolheu o cara mais sem sal de khadel?

📲 [milo]: eu te conheço, e se você não quisesse, não teria nem mesmo me dado tempo de terminar minha frase aquele dia

📲 [milo]: mas deixando sua óbvia atração por mim de lado um pouco, você meio que perdeu uma aposta, tá lembrada?

📲 [milo]: e agora com toda essa pesquisa de campo que precisamos fazer, nada mais justo do que eu usar isso a meu favor

📲 [milo]: então aqui vai

📲 [milo]: já que perdeu a aposta, vai me deixar te levar pra um encontro

📲 [milo]: e vai ter que ser legal comigo a noite toda :)

📲 [milo]: só pra deixar claro, essa última mensagem não tem nada sexual

📲 [milo]: pra isso pode ter certeza que eu não precisaria usar uma aposta


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4 months ago

SMS to : don giovanni

✉️ : mas nem mesmo se quem morreu ressuscitasse , apontasse uma arma para a minha cabeça e me obrigasse

✉️ : uma noite com você atrapalhando o MEU encontro é o máximo que consigo digerir da sua presença em um mês

✉️ : e já pensou na possibilidade que eles morreram PARA escapar do amor ?

✉️ : eu até poderia continuar a nossa conversa maravilhosa , mas tenho que levar o meu cavalo para passear

✉️ : pelos próximos sete dias

✉️ : ti parlo dopo

SMS to [docinho]

with @neslihvns

📲 [milo]: eu disse que éramos feitos um pro outro!

📲 [milo]: não tem como escapar do amor, hani

📲 [milo]: tudo bem que o pessoal lá atrás escapou sim porque morreu todo mundo

📲 [milo]: super triste

📲 [milo]: bless their heart

📲 [milo]: enfim, o cara voltou do plano espiritual pra abrir uma cachoeira pra gente, eu acho que no mínimo tínhamos que sair pra tomar um drink e descobrir nosso destino


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4 months ago

entre  o  apelido  abominado  e  a  malícia  estampada  na  expressão  alheia  ,  neslihan  sentiu  as  íris  faiscarem  em  desafio  ,  um  sorriso  calculado  o  suficiente  curvando  os  lábios. o  epíteto  era  uma  das  formas  mais  certeiras  de  provocação  –  e  camilo  sabia  disso. desde  o  instante  em  que  ela  cometera  o  deslize  de  demonstrar  seu  desgosto  pela  abreviação  ,  ele  parecia  se  deliciar  em  usá-lo  com  prazer  sádico. era  claro  que  ele  queria  irritá-la  ,  até  onde ,  ainda  não  havia  decidido  ,  e  havia  uma  ínfima  parte  de  si  que  ansiava  por  descobrir  o  limite  entre  ambos. nada  que  meros  segundos  na  presença  do  mais  velho  não  desfizesse  ,  transformando  qualquer  semblante  de  curiosidade  em  uma  nuvem  de  irritação. ❝  ah  ,  carissimo  ,  você  ainda  não  sabe  do  que  eu  sou  capaz  ?  ❞  o  tom  de  sua  voz  era  uma  provocação  tão  evidente  quanto  as  palavras  escolhidas  por  ele  momentos  antes. era  quase  irresistível  desafiá-lo  ,  como  se  confrontar  o  ego  do  ricci  fosse  tão  instintivo  quanto  respirar. 

as  orbes  estreitaram  ao  acompanhar  o  percurso  do  olhar  dele,  sentindo-se  exposta ,  estudada ,  como  se  pudesse  ser  decifrada  com  uma  mera  observação. impossível  ,  homens  como  ele  tinham  um  limiar  de  atenção  tão  diminuto quanto  suas  intenções eram  previsíveis  –  a  busca  por  troféus  para  massagearem  o  próprio  ego. ainda  assim  ,  a  marca  que  os  castanhos  deixavam  em  sua  pele  era  inegável. sustentando  a  atenção  masculina  com  uma  mistura  de  desdém  e  diversão  ,  ao  contrário  do  que  ele  pudesse  imaginar  ,  com  a  destreza  de  uma  amazona  treinada  desde  a  infância  ,  ela já havia assumido  as  rédeas  da  situação. aproximou-se  um  passo  ,  o  suficiente  para  que  o  perfume  feminino  e  a  colônia  masculina  se  mesclassem  entre  eles  ,  a  voz  baixa  em  um  tom  quase  confidencial. ❝  você  parece  confundir  a  minha  atenção  com  um  prêmio  ,  mas  não  se  engane  —  ao  final  do  seu  espetáculo  ,  quem  aquecerá  minha  cama  não  será  você. ❞  outro  passo  à  frente  ,  as  pernas  quase  se  tocando  ,  pegou  uma  das  doses  recém  entregues  ,  resvalando  os  lábios  no  vidro  em  um  gesto  que  incorporava  desafio. sorveu  o  líquido  âmbar  em  um  único  gole  ,  um  sorriso  curvando  as  feições. 

❝  dedicar  uma  música  ao  seu  fracasso  agora me parece  previsível  demais. talvez  eu  deva  escolher  algo  mais  apropriado  à  sua  natureza… ❞  o  olhar  percorreu-o  lentamente  ,  de  cima  a  baixo  ,  detendo-se  como  se  em  deliberação. ❝  you're  so  vain  me  soa  como  uma  boa  opção. ou  ,  quem  sabe  ,  no  scrubs. quase  perfeita. ❞  inclinou  o  torso  até  que  seus  rostos  estivessem  a  meros  centímetros  ,  suas  respirações  em  uníssono  pelo  breve  momento  enquanto  depositava  o  copo  vazio  com  um  tilintar  contra  a  mesa. endireitou  a  postura  com  uma  piscadela  ,  lançando  um  beijo  para  matteo  antes  de  prender  os  longos  fios  em um  gesto  casual. com  confiança  ,  marca  da  sua  presença  ,  virou-se  em  direção  ao  palco  improvisado. ❝  para  você  ,  ricci  !  espero  que  preste  bastante  atenção  ,  porque  não  tenho  o  costume  de  repetir  performances. ❞ 

os  primeiros  acordes  de  i'm  that  chick  preencheram  o  espaço. a  voz  da  gökçe  ,  suave  e  provocativa  ,  ecoou  junto  à  melodia  de  mariah  carey  ,  capturando  cada  olhar  presente. soltando  os  cabelos  ,  antes  presos  estrategicamente  ,  lançou-os  para  trás  em  um  gesto  que  parecia  uma  declaração  de  êxtase. enquanto  os  saltos  marcavam  o  compasso  ,  aproximou-se  de  matteo  ,  a  destra  escorregando  pelo  peitoral  alheio  ,  girando  os  quadris  no  ritmo  da  música. com  um  clique  do  grave  ,  encarou  a  audiência  ,  mantendo  contato  visual  ,  um  sorriso  ladino  sustentando  cada  passo. ensaiado  pelo  instinto  ,  com  os  dígitos  enredados  na  camiseta  do  mais  novo  ,  puxou-o  para  o  palco  ,  envolvendo  os  braços  musculosos  em  sua  cintura. usou-o  como  apoio  para  oscilar  o  corpo  ,  acompanhando  o  groove  com  perfeição  enquanto  proclamava  que  seu  sabor  era  tão  doce  quanto  o  de  sorvete. os  movimentos  ,  precisos  e  calculados  ,  incendiavam , e o  loiro  ,  finalmente  rompendo  seu  estado  de  transe  ,  ajustou  as  mãos  ao  longo  do  espaço  entre  costelas  e  quadril  ,  encaixando  beijos  leves  no  pescoço  feminino. os  gestos  ,  que  normalmente  a  inflamariam  ,  passaram  despercebidos. o  que  fazia  seu  sangue  vibrar  era  o  triunfo  ,  cada  olhar  fixo  em  si  como  um  feitiço  ,  e  ela  ,  o  antídoto  para  a  monotonia.

no  último  refrão  ,  seus  lábios  enunciaram  as  palavras  com  clareza  ,  como  se  fossem  exclusivamente  direcionadas  a  camilo. com  o  grave  final  ,  permitiu  que  o  corpo fosse  envolvido  pela  figura  loira  ,  as  íris  fixas  às  do  moreno. o  som  da  própria  respiração  e  do  sangue  bombeando  em  seus  tímpanos  abafando  a  reação  dos  aplausos. com  elegância  desvencilhou-se  de  matteo  ,  retornando  à  mesa  originalmente  para  dois  ,  a  terceira  cadeira  uma  intrusão  em  dissonância  ,  com um  sorriso  doce  desenhando  as  linhas  femininas. ❝  não  importa  o  quão  encantadora  você  ache  que  sua  teia  é  ,  algumas  presas  sabem  exatamente  onde  estão  pisando. ❞  o  sussurro  malicioso  veio  tão  próximo  que  o  calor  da  respiração  de  ambos  se  encontrou  antes  que  ela  recuasse. deixou  escapar  uma  risada  baixa  antes  de  sentar-se  novamente  ,    um  martini  aparecendo  como  por  encanto  em  suas  palmas  ,  refletindo  as  luzes  do  ambiente. brincando  com  o líquido  ,  cruzou  as  pernas  com  um  movimento  deliberado. ❝  então  ,  caro  ,  sua  curiosidade  está  saciada  ou  devo  continuar  ?  como  disse  ,  é  raro  me  repetir  ,  mas  se  matteo  estiver  disposto  ,  posso  muito  bem  roubar  a  cena  novamente  enquanto  você  tenta  acompanhar. ❞  movendo  a  taça  para  a  direita  ,  entrelaçou  os  dedos  do  loiro  entre  seus  joelhos  cruzados  ,  um  gesto  em  possessividade  e  provocação.

Entre  o  apelido  abominado  e  a  malícia  estampada  na  expressão  alheia  ,  neslihan

caso camilo se dispusesse a frequentar um terapeuta, provavelmente o escutaria racionalizar alguns mecanismos de defesa que o homem desenvolvera ao decorrer da vida, bem como ciclos viciosos aos quais ele estava preso. neslihan, para azar da própria moça, encaixava perfeitamente no tipo de situação em que o ricci acabava se colocando pela mera imaturidade emocional que alguém de sua idade não deveria ter. fosse ele menos traumatizado (ou ao menos capaz de lidar devidamente com seus traumas), provavelmente não depositaria tantos esforços naquela dinâmica, e certamente não estaria interrompendo o que era claramente um encontro - muito embora fosse visível a falta de química ali. e que não o entendessem errado: neslihan era exatamente o tipo de mulher que o atraía. tudo bem, ele também não tinha parâmetros tão rígidos e era mais do que comum vê-lo com todo tipo de pessoa. mas fato que, na lista de todas as suas preferências, gökçe gabaritava cada uma. desde detalhes menores como os olhos escuros e a altura acima da média, até coisas mais instigantes ainda como a personalidade forte e o temperamento colérico. mas naquele universo em que ele ainda era tão desequilibrado quanto podia ser, o que mais o instigava era o desafio e a auto validação que conquistá-la traria.

de modo geral, ele não era a pessoa mais competitiva do mundo, simplesmente porque um traço de personalidade desse exigiria esforços demais com muita frequencia. mas quando ele queria, sabia sim aplicar toda a sua energia em busca de uma vitória. naquele momento, por mais que pudessem pensar que a tal vitória vinha no formato da aposta, grande parte do seu real objetivo já havia sido conquistado. se ele receberia ou não a maior quantidade de palmas aquela noite (e tinha certeza de que o faria), já havia conseguido roubar neslihan do coitado que observava ainda perdido o caminho da conversa entre os dois conhecidos. o momento decisivo foram os segundos que antecederam as palavras da mais jovem, em que ricci não desviou o olhar do dela um momento sequer. ele sorriu com sua resposta; por mais que a frase estivesse repleta de desdém, ainda havia caído em sua teia. não se julgava mais esperto que neslihan, tampouco tinha a inocente crença de que a havia enganado ou qualquer coisa do tipo. sabia muito bem que, do mesmo modo que o ego de camilo se alimentava de toda a situação, o dela devia fazer o mesmo, pelo menos um pouco.

satisfeito com o rumo da conversa, ele ergueu o braço para pedir mais duas doses do uísque que havia roubado do loiro. "primeiro, não faça promessas que não pode cumprir, hani. e depois, há jeitos menos performáticos de calar a minha boca, mas acho que isso vai ser bem divertido de assistir." respondeu, o rosto iluminado por uma visível malícia. ergueu as sobrancelhas diante da proposta, apreciando a sugestão. antes de responder, porém, observou por sólidos segundos a figura agora em pé e ligeiramente inclinada de outrém, os olhos já escuros de camilo pareciam totalmente pretos enquanto percorriam cada centímetro de neslihan. "na verdade, você me deixou curiosíssimo para saber qual música dedicaria a mim." inclinou o próprio corpo para frente, ainda sentado, o olhar retornando ao dela. "além disso, não quero que me culpe quando você perder. então vai lá, me surpreenda."

Caso Camilo Se Dispusesse A Frequentar Um Terapeuta, Provavelmente O Escutaria Racionalizar Alguns Mecanismos

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4 months ago

o  frisson  ,  habitual  nos  diálogos  em  que  antecediam  os  fugazes  encontros  de  atração  carnal  que  escolhia  compartilhar  ,  parecia  percorrer  cada  recanto  do  ambiente  ,  exceto  entre  neslihan  e  matteo. a  figura  loira  destoava  de  suas  predileções  habituais  ;  preferia  os  cabelos  mais  escuros  e  íris  cálidas  em  tons  de  âmbar  ou  ébano  ,  distantes  do  olhar  glacial  ,  quase  translúcido  ,  que  comparava  ao  de  um  peixe  recém  abatido. tampouco  a  idade  lhe  era  favorável  ,  com  dois  anos  a  menos  que  seus  próprios  vinte  e  nove  ,  ele  possuía  ao  menos  sete  ou  oito  anos  de  experiência  abaixo  do  que  costumava  considerar  atraente  —  em  homens  ,  é  claro  ,    as  expectativas  para  mulheres  eram  muito  mais  fáceis  de  serem  alcançadas. as  únicas  ressalvas  alheias  que  harmonizavam  com  os  seus  desejos  se  resumiam  ao  porte  impressionante  que  a  subjugava  por  mera  presença  ,  o  timbre  sólido  e  ,  sobretudo  ,  o  fato  de  ser  um  completo  desconhecido. relacionar-se  com  estranhos  era  um  hábito  cultivado  há  muito  ,  uma  escolha  imprudente  que  continuava  a  alimentar  sua  ânsia  por  adrenalina  e  pelo  inesperado  ,  pela  surpresa  oculta  no  inexplorado. era  essa  mistura  de  imprevisibilidade  e  intriga  que  sustentava  o  sorriso  enigmático  e  os  olhares  sugestivos  que  lançava  ao  homem. restava  aceitar  aquele  desleixo  do  destino  —  a  menos  que  uma  intervenção  mística  viesse  a  conspirar  em  seu  favor.

com  os  lábios  alheios  moldando  palavras  que  não  passavam  de  ruído  ,  seus  pensamentos  deslizavam  para  o  estado  de  histeria  que  dominava  a  cidade. entre  acenos  estrategicamente  calculados  e  murmúrios  de  concordância  que  preenchiam  as  lacunas  ,  ela  podia  sempre  confiar  no  ego  masculino  para  sustentar  uma  conversa  inteira  com  nada  além  do  som  da  própria  voz. o  martini  aguardado  tornava-se  sua  verdadeira  ambição  naquela  noite  ,  muito  mais  do  que  a  promessa  de  um  desfecho  que  seria , sem dúvidas ,  insatisfatório. com  a  taça  translúcida  em  mãos  ,  o  primeiro  gole  mal  atiçava  o  paladar  ,  quando  sentiu  a  presença  de  camilo  antes  mesmo  da  familiar  voz  ecoar. a  irritação  emergiu  automática  ,  traduzida  em  um  revirar  de  olhos  exasperado  e  no  ceder  breve  dos  ombros  a  um  suspiro  fatigado. não  era  exatamente  aquela  intervenção  mística  que  havia  imaginado.

embora  fosse  indiscutivelmente  grosseiro  de  sua  parte  ,  entre  matteo  e  o  ricci  ,  os  olhos  escuros  de  neslihan  ,  incendiados  pela  impaciência  ,  seguiam  meticulosamente  os  movimentos  do  mais  velho. e antes  mesmo  de  conseguir  estabelecer  conexão  lógica  entre  a  fala  e  o  jogo  de  olhares  alheio  ,  camilo  conseguia  arrancar  um  impulso  competitivo  e  o  desejo  de  antagonizá-lo  ,  tudo  em  uma  única  frase. com  uma  sobrancelha  levemente  arqueada,  aguardou  em  silêncio  tenso  ,  capturando  ,  de  relance  ,  a  expressão  de  horror  em  seu  encontro  ,  antes  de  dignar  a  interrupção  com  uma  resposta. ❝  se  for  para  manter  a  sua  boca  fechada  ,  aposto  muito  mais  do que  uma  música. ❞  sabia  que  suas  palavras  seriam  distorcidas  antes  mesmo  de  deixarem  seus  lábios  ,  mas  já  era  tarde  demais. com  um  sorriso  exageradamente  enfatuado  destinado  a  sua  companhia  perplexa  ,  levantou-se  ,  alinhando  o  vestido  que  escolhera  com  intenção  e  empurrando  os  fios  para  trás  dos  ombros  ,  antes  de  voltar  sua  atenção  para  o  moreno. ❝  no  espírito  de  um  jogo  limpo  ,  você  pode  até  escolher  a  música  que  deseja  que  eu  dedique  ao  seu  fracasso  ,  caro. ❞  pendendo  o  quadril  ligeiramente  para  o  lado  ,  encaixou  a  destra  na  curva  da  cintura. estava  mais  do  que  disposta  a  cumprir  sua  promessa  ,  calá-lo  ,  nem  que  de  maneira  física… com  a  própria  palma  e  um  estalo  seco  contra  a  pele.

O  frisson  ,  habitual  nos  diálogos  em  que  antecediam  os  fugazes  encontros  de

🎱 uma aposta com @neslihvns

“eu tô falando sério!” reforçou, com a expressão menos jocosa que ele conseguia. “opa, da uma licencinha aqui, campeão” disse, folgado como sempre, puxando uma cadeira para se sentar entre a jovem e seu encontro. sabia lá qual era o nome do rapaz que originalmente estivera na posição de acompanhante de neslihan e agora parecia confuso e devidamente ofendido por ter sido jogado para escanteio, e também não queria saber. o que importava era que agora os olhos grandes e bonitos da turca estavam em sua direção, brilhantes e escurecidos pela irritação, como ele bem gostava. camilo era mesmo um grande sem noção, mas era inegável que sabia chamar atenção. até mesmo alguém como neslihan, que certamente não tinha a menor intenção de ofender o loiro sem sal que observava a conversa alheia de braços cruzados, poderia encontrar dificuldades para ignorar a presença do ricci. não porque ele era exatamente irresistível; era só que ele era terrível e irremediavelmente insistente, mesmo. “é tudo sobre carisma e um grande espetáculo. qualquer um com uma voz meia boca pode ser famoso, se tiver personalidade o suficiente” piscou-lhe um dos olhos, dando a entender que ele tinha certeza de que, se quisesse, poderia ser uma celebridade. não havia começado aquele assunto por nenhum propósito específico, mas sorriu sozinho ao perceber que poderia usar o instinto da mais jovem de contraria-lo a todo custo a seu favor. “então vamos fazer uma aposta” disse, as mãos batendo na mesa e tremendo um pouco os copos que ali estavam. “quem conseguir mais aplausos, vence” apontou para o palco onde uma senhora cantava muito desafinadamente a música ‘dancing queen’, acompanhando a letra no telão do karaokê. “a não ser que tenha medo de perder, claro” e pegou o copo do rapaz, bebendo todo o restante do uísque que continha ali, dando uns tapinhas de agradecimento no ombro do homem embasbacado.

🎱 Uma Aposta Com @neslihvns

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