Dive Deep into Creativity: Discover, Share, Inspire
o sorriso que surgiu enquanto acompanhava as reações de aaron às suas palavras irradiava autenticidade. assim como havia sentido em sua conversa com graziella , o alívio quase tangível de ter sua opinião validada por ele era inegável. em toda a sua capacidade mental , não conseguia compreender a resposta desproporcional e instintiva que as superstições acerca da maldição lhe provocavam. naturalmente , como qualquer mente racional , a ideia de acreditar em magia era absurda. o que escapava era a razão pela qual aquele mito específico a atingia de maneira tão visceral. inspirando internamente , um riso suave escapou de seus lábios ao ouvir a descrição carregada de acidez do blackwell. doenças mentais certamente não deveriam ser banalizadas , mas a absurda natureza da situação exigia uma pitada de humor distorcido. ❝ e a união será oficializada por um psiquiatra que também é padre aos finais de semana. ❞ os olhos reviraram em uma mescla de exasperação e ironia , antes de concordar com veemência. ❝ é claramente uma manchete sensacionalista. não me chocaria se fosse alguma família tentando encobrir algum escândalo , como tantas vezes já fizeram. ❞ replicando a respiração masculina , ponderou. ❝ ou então , alguém com algum tipo de questão em relação à vivianne. não que eu os culpe , a essa altura. quem quer que seja , provavelmente decidiu unir o útil ao agradável ao colocar os holofotes sobre ela. ❞ com um olhar breve para a xícara quase vazia à sua frente , solicitou outra , agora acompanhada de alguns biscottis , aceitando mentalmente que o treino de tênis teria que compensar os carboidratos excedentes. ❝ estão dizendo que ela é a catalisadora de tudo. ❞ meneando a cabeça em uma mescla de decepção e resignação , beliscou um pedaço da massa com amêndoas , suprimindo um suspiro de prazer ao sabor delicado. ❝ mas esses rumores à parte . ❞ mudou o tom , fixando o olhar no amigo com curiosidade. ❝ como foi o turno de ontem ? alguma novidade no the loft ? ❞ neslihan dificilmente se colocava como o epicentro de boatos , mas a perspectiva de aaron sempre trazia um frescor ao cenário que ela cuidadosamente observava à distância.
Aaron não sabia dizer muito bem como aquela amizade começou, mas, em algum momento, Nes havia se tornado uma constante tão sólida em sua vida que parecia impossível imaginar o mundo sem ela. Era como se ela sempre tivesse estado lá, assim como todas as tradições que eles passaram a adotar após mais de uma década de amizade. A amiga era uma constante, atravessando as diferentes fases ao lado dele com tranquilidade e, ao mesmo tempo, firmeza. Ela tinha a incrível habilidade de nunca levar seu mau humor a sério demais, como se fosse imune. E, embora ele nem sempre admitisse, havia algo reconfortante nessa dinâmica. "Honestamente?", perguntou, erguendo uma sobrancelha. "Eu não acredito nem um pouco". Aaron se debruçou sobre a mesa, totalmente capturado pela história. Mas ao invés de esperança, só vinha a descrença. "Porque, claro, todo dia a gente vê por aí dois pacientes apaixonados. Isso faz total sentido... Deve ser amor à primeira internação. Maldição quebrada, huh? Aposto que o próximo passo é eles se casarem no refeitório do hospital, logo depois da terapia de grupo." Ele soltou um suspiro cansado, balançando a cabeça. "Isso é só mais uma das mentiras que de vez em quando correm por aqui, aposto o que cê quiser".